Profissional espírita ligada à saúde mental e comportamental afirmou em interessante palestra que “a criança nada mais é que um Espírito num corpo pequeno ” . A visão dá margem a inúmeras reflexões até porque Allan Kardec reproduzindo o pensamento dos que o auxiliaram na elaboração do alicerce do Espiritismo enfatiza mais uma vez que o descaso com a formação da nova personalidade do Ser a cada encarnação conduz a sociedade aos descalabros como os presentes na atualidade. Como construiremos um mundo melhor sem investimentos na criança e no jovem? Fácil concluir que o Centro Espírita tem um papel preponderante nessa tarefa. Há, contudo, muitas instituições que não regulamentam o valor dessas ações. Dentre as contribuições importantes da Espiritualidade para o encaminhamento da questão da Evangelização Infanto-Juvenil, os livros do Espírito Luiz Sergio reúnem apontamentos significativos. Num deles – CASCATA DE LUZ , psicografado pela médium Irene Machado – encontramos elementos para reflexões sobre o tema. Destacamos alguns: 1- Atualmente a criança e o jovem não têm o mesmo modo de pensar de tempos atrás. O que fazer para levar agradável a evangelização, a fim de ser melhor aproveitado por todos? — Evitar a lição longa e entediante, e embelezar as lições práticas com encenações de palco, onde o aluno também participa, e depois a descoberta das aptidões. Dificilmente sentirão enfado e sono . 2- O jovem tem lá fora o que a vida Lhe dá; o atrativo é muito forte. Se nós, os Espíritos, não nos unirmos com os encarnados em prol da família, veremos o que mais acontece hoje: meninas e meninos brincando de sexo. Devemos combater o aborto, sim, mas também levantar campanhas em prol da família e da felicidade, trazendo a criança e o jovem para os ambientes espirituais. Um Centro bem orientado é a “arca de Noé”, o recanto que irá salvar aquele que o buscar . 3- Muitos acham que o jovem na Doutrina só deve cantar e fazer a Campanha Auta de Souza. O jovem é uma semente que precisa do solo fértil para se tornar uma bela árvore, onde amanhã encontraremos abrigo, e seus frutos, graças à água que hoje lhes oferecemos, serão saborosos e verdadeiros. A Casa que se preocupa com a família faz das suas crianças e jovens as flores do amanhã. O difícil é trazer o jovem para a Casa Espírita, quando lá fora o mundo material oferece uma “vida fácil”, onde tudo lhe é permitido. Não que a Doutrina proíba algo, mas ela faz brilhar nas consciências o Decálogo, e aí é doloroso constatarmos o quanto somos errados ainda. 4- Lá fora o jovem não tem compromisso com a Lei de Deus. Ele se considera o dono da Terra, tanto é que brinca de viver, por isso qualquer Casa Espírita precisa dar ao jovem motivação, caso contrário ele fugirá dela. Hoje, com pesar, percebemos que poucas senhoras e senhores espíritas têm os seus filhos na Doutrina. Causa-nos assombro desses mesmos senhores dizerem que o tóxico não é assunto para ser tratado pelos espíritos. Ao mesmo tempo, levantaram campanhas contra o suicídio. E o que é uma droga? E o que vem ceifando vidas dos jovens do mundo inteiro. Os espíritos que são contra falar de tóxico nos centros devem visitar as cadeias e os hospitais. Façam um levantamento das causas dos desencarnes de jovens devido a problemas respiratórios e paradas cardíacas. A família esconde muitos casos, para que no atestado não conste o verdadeiro motivo do óbito: o suicídio por overdose. Feliz do Centro Espírita que oferece estudo e trabalho .5- Para levarmos a juventude à Doutrina é necessário educar-la de maneira tal que não seja vítima do fanatismo. O jovem tem de se sentir útil e não pode ficar preso à letra. O seu campo energético está transbordando e pede trabalho para Casa. Se os deixarmos sentados, apenas estudando, iremos buscar outros meios para dispersar o que têm em demasia: energia. Mocidade sem tarefas causa desinteresse ou atritos com a diretoria.
Tenho uma amiga que vive lamentando um aborto que fez quando ainda
muito jovem. Ela teve uma gravidez indesejada e não teve coragem enfrentar a
família religiosa e cheia de preconceitos. Ela diz que não lamentava o filho,
mas, naquele momento, era uma questão de sobrevivência e de honra. Hoje ela não
tem religião, mas diz que nunca conseguiu se libertar desse pecado que cometeu
contra as leis de Deus. Quis dar um livro espírita para ela ler, mas acho que
isso pode piorar sua dor de consciência. (Anônima)
A Doutrina
Espírita não aprova o aborto provocado, como você sabe, a não ser no caso em
que a mãe corre risco de morte. Mas também não se coloca na condição de quem
pode julgar alguém que tenha feito o aborto, principalmente nas circunstâncias
pelas quais passou sua amiga, quando ainda muito jovem. Nesse ponto, cara ouvinte, devemos buscar os
evangelhos e verificar que Jesus sempre considerou a intenção mais do que os
atos em si, sem, contudo, julgar ninguém. Ele não julgou nem mesmo a mulher
adúltera; apenas a preveniu para que não errasse mais.
Foi
ele próprio quem deixou claro este princípio: “a quem muito foi dado muito será
pedido” - ou seja, há uma diferença
fundamental entre aquele que tem plena consciência do que está fazendo e o que
ignora as conseqüências de seu ato. Aliás, o nosso código penal brasileiro –
que é uma lei humana - estabelece a nítida diferença entre o dolo e a culpa,
entre o delito praticado com intenção de prejudicar e aquele que é cometido sem
essa intenção. Desse modo, sua amiga não deve continuar se culpando pelo que
fez naquela época.
É
bem verdade que respondemos por todos os nossos atos, mesmo aquele que
cometemos por ignorância. Entretanto, o peso maior da culpa está na consciência
que tínhamos do erro e na intenção de prejudicar, no momento em que o
cometemos, tanto quanto das nossas possibilidades de evitá-lo. Com certeza, se
sua amiga errou, ela não errou sozinha. Pelo que você diz, havia o peso de uma drástica
cobrança da família sobre ela, cobrança que ela não conseguiu suportar e, por
isso, tomou aquela decisão. Logo, a culpa deve ser dividida entre todos que
contribuíram, direta ou indiretamente, para que tal situação indesejável
ocorresse.
Situações
como essa devem servir de alertar aos pais de adolescentes. Não podemos nem
devemos tentar corrigir um erro, cometendo outro maior. Contudo, infelizmente,
acontecem milhares de aborto todos os dias no mundo e muitos deles por medo ou
insistência dos pais de jovens grávidas, que querem preservar o nome da família
ou fazem de tudo para se livrar de criar e educar uma criança. Pensam que
enganam a lei de Deus. Mas estão enganados. Podem até passar despercebidos pela
sociedade, mas não se livrarão da sua consciência, mais cedo ou mais tarde e
tampouco daqueles a quem roubaram a oportunidade de uma vida.
Quanto
a essa sua amiga, ela deveria, sim, ler livros espíritas e até freqüentar um
ambiente espírita. Não para se sentir mais culpada, mas para verificar que a
Lei de Deus é soberana e justa, ao mesmo tempo sublime e misericordiosa. Todos
cometemos erros na vida – somos seres imperfeitos, sob todos os pontos de vista
- mas todos temos sempre chance de
consertá-los ou mesmo de reparar algum prejuízo que, porventura, causamos a
alguém. Há mil modos diferentes pelos quais podemos nos redimir, aprendendo a
ser úteis ao semelhante e à sociedade onde vivemos, sem ficar nos culpando ou
nos punindo por algo que pode ser resolvido com equilíbrio e bom senso.


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